Queridos Amigos,
Em minhas pesquisas sobre relacionamentos, inicei um pequenino artigo que suscita uma interessante reflexão.
Segue para nossa apreciação:
Relacionamentos humanos em desintegração
Eric J. Hobsbawm
A terceira transformação, em certos aspectos a mais perturbadora, é a desintegração de velhos padrões de relacionamento social humano, e com ela, aliás, a quebra dos elos entre as gerações, quer dizer, entre passado e presente.
Isso ficou muito evidente nos países mais desenvolvidos da versão ocidental de capitalismo, onde predominaram os valores de um individualismo associal absoluto, tanto nas ideologias oficiais como nas não oficiais, embora muitas vezes aqueles que defendem esses valores deplorem suas conseqüências sociais.
Apesar disso, encontravam-se as mesmas tendências em outras partes, reforçadas pela erosão das sociedades e religiões tradicionais e também pela destruição, ou auto-destruição, das sociedades do socialismo real.
Essa sociedade, formada por um conjunto de indivíduos egocentrados sem conexão entre si, em busca apenas da própria satisfação (o lucro, o prazer ou seja lá o que for), estava sempre implícita na teoria capitalista.
Eric J. HobsbawmHistoriador Inglês
(Trecho selecionado de sua obra “Era dos Extremos – O Breve Século XX)
Então, o que acharam?
Procede a visão deste teórico?
Abrçs!
Gisele
A massacrante felicidade dos outros
ResponderExcluirMartha Medeiros
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde
coisíssima nenhuma..
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão,
marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador,
algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.
De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio
Cícero, uma música que dizia:
"Eu espero/ acontecimentos/ só que quando
anoitece/ é festa no outro apartamento".
Passei minha adolescência com esta sensação:
a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar
para o qual eu não tinha convite.
É uma das características da juventude:
considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são
ou aparentam ser.
Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão
ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é
infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.
Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições,
não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas,
quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar
pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.
Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexy’s, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.
"Nunca conheci quem tivesse levado porrada; todos os meus
conhecidos têm sido campeões em tudo".
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia,
e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje,
vendendo um mundo de faz-de-conta..
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil
mesmo achar que a vida da gente tem graça.
Mas tem.
Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso
vale ser incluído na nossa biografia.
Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras
fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes
enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?...
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Queridão, obrigada pelo comentário!
ResponderExcluirA Martha arrasa mesmo! Adoro os textos dela.
Tenho uma máxima que me acompanha: Quem canta, seus males espanta! Por isso, apesar de todos os percalços que a vida nos prega, procuro cantar as minhas pequeninas alegrias e vitórias em detrimento dos pesares.
Tenho ciência de que esse meu comportamento acaba suscitando nas pessoas a idéia de que, meu apto. sempre está em festa! Lêdo engano.... A diferença é que eu sempre acho que o meu gramado é o mais verde de todos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!